
Uma dúvida comum no dia a dia da prática clínica é: o que fazer com o betabloqueador em um paciente com Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFEr), FEVE ≤40%, e bloqueio atrioventricular (BAV) de primeiro grau com PR de 260ms? Preciso suspender ou reduzir a dose do betabloqueador?
A resposta é: não precisa!
O BAV de 1º grau não é, por si só, uma contraindicação ao uso de betabloqueadores na ICFEr, nem impede o aumento da dose, desde que monitorado adequadamente.
Entendendo o BAV de Primeiro Grau:
O BAV de primeiro grau geralmente não causa sintomas, a menos que o intervalo PR seja superior a 300ms, devido à possível dissincronia atrioventricular, ou se houver bradicardia significativa associada.
O Que Dizem as Diretrizes?
As diretrizes atuais recomendam manter o betabloqueador se o paciente tiver BAV de 1º grau e não apresentar sintomas ou BAV avançado. A dose do betabloqueador pode até ser aumentada, desde que a frequência cardíaca (FC) permita e o intervalo PR seja monitorado.
Quando Considerar a Redução ou Suspensão?
Se o paciente apresentar sintomas ou se o intervalo PR for superior a 300ms, considere reduzir ou suspender outras medicações que atuem no nó AV antes de mexer no betabloqueador.
Monitorização é Fundamental
Recomenda-se monitorizar o intervalo PR com ECGs em consultas de seguimento, aproximadamente duas semanas após qualquer ajuste na dose do betabloqueador. Se houver progressão para BAV de 2º ou 3º grau, aí sim, a redução ou suspensão do betabloqueador deve ser considerada.
A Importância dos Betabloqueadores na ICFEr:
Lembre-se sempre: o benefício dos betabloqueadores na ICFEr é inquestionável e salva muitas vidas! Portanto, a decisão de ajustar ou suspender essa classe de medicamentos deve ser cuidadosamente avaliada.