Relação entre a Gripe e o Infarto Agudo do Miocárdio: O que todo médico precisa saber

A relação entre infecções respiratórias agudas e eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio (IAM), tem sido objeto de estudo há décadas. Um artigo publicado no New England Journal of Medicine investigou essa associação de forma rigorosa, utilizando dados de pacientes com infecção por influenza confirmada laboratorialmente. Este post tem como objetivo resumir os principais achados desse estudo, trazendo informações relevantes para a sua prática clínica.

Metodologia do Estudo:

O estudo utilizou um desenho de autocontrolen em série de casos para avaliar a associação entre a infecção por influenza confirmada por exames laboratoriais e a hospitalização por IAM. Os pesquisadores analisaram dados de residentes de Ontário, Canadá, que foram testados para vírus respiratórios entre 2009 e 2014 e hospitalizados por IAM entre 2008 e 2015.

O período de risco foi definido como os primeiros 7 dias após a coleta da amostra respiratória, e o período de controle foi de 1 ano antes e 1 ano depois desse intervalo.

Resultados Principais:

Os resultados mostraram uma associação significativa entre a infecção por influenza e o risco de IAM. Durante o período de risco, a taxa de internações por IAM foi seis vezes maior em comparação com o período de controle.

Essa associação foi mais forte nos primeiros 3 dias após a infecção e persistiu até o sétimo dia.

Além disso, o estudo também encontrou um risco aumentado de IAM após infecções por outros vírus respiratórios, como o vírus sincicial respiratório (VSR) e outros vírus não influenza.

Discussão e Implicações Clínicas:

Esses achados reforçam a importância da vacinação contra a influenza, especialmente em pacientes com alto risco cardiovascular. A vacinação pode reduzir a incidência de infecções por influenza e, consequentemente, diminuir o risco de eventos cardiovasculares agudos.

O estudo também destaca a necessidade de considerar a infecção respiratória como um possível gatilho para eventos cardiovasculares, especialmente em pacientes idosos e com comorbidades.

Limitações do Estudo:

É importante mencionar que o estudo possui algumas limitações. A data da coleta da amostra respiratória foi utilizada como proxy para o início da infecção, o que pode não refletir precisamente o momento em que a infecção se instalou. Além disso, o estudo não avaliou a gravidade da infecção, o que pode influenciar o risco de IAM.

Conclusão:

A infecção por influenza está associada a um risco aumentado de IAM, especialmente nos primeiros 7 dias após a infecção. A vacinação contra a influenza é uma estratégia importante para reduzir esse risco, e a consideração da infecção respiratória como um possível gatilho para eventos cardiovasculares pode melhorar o manejo clínico de pacientes de alto risco.

Referência:

Kwong, J. C., Schwartz, K. L., Campitelli, M. A., Chung, H., Crowcroft, N. S., Karnauchow, T., Katz, K., et al. (2018). Acute Myocardial Infarction after Laboratory-Confirmed Influenza Infection. New England Journal of Medicine, 378(4), 345-353. DOI: 10.1056/NEJMoa17020901

  1. ↩︎

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