O que você deve saber sobre Lipoproteína A Lp(a)?

Aposto que você já ouviu falar de Lipoproteína A ou Lp(a) aumentada está correlacionada com o aumento de risco cardiovascular. Mas ninguém sabe direito o que é, para quem devemos pedir e quais as principais implicações clínicas relacionadas ao aumento da Lp(a). Mas calma, leia atentamente esse texto e vamos simplificar tudo!

O que é?

É uma partícula que apresenta uma apolipoproteína (a) ligada ao segmento de uma partícula idêntica ao LDL de apoliproteína (b).

Em torno de 25-30% da população tem Lp(a) aumentada.

Quais são as implicações clínicas?

A apolipoproteína (a) é homologa ao plasminogênio (inibe a fibrinólise) e, então, da mesma maneira essa partícula aumenta o risco de trombose nos locais de ruptura de placa, aumentando o risco de eventos cardiovasculares (IAM, AVCi, DAOP).

Existem metanálises demonstrando que a Lp(a) aumentada é um fator de risco INDEPENDENTE do LDL para aterosclerose clínica (conforme dito anteriormente) e o risco de progressão para estenose aórtica.

Dessa forma, é considerada um refinador de risco cardiovascular para intensificarmos ou mesmo iniciarmos a terapia contra a aterosclerose.

Mas afinal, em quem devemos dosar?

Essa é a recomendação mais aceita, mas existem autores que defendem a tese que a Lp (a) deveria ser dosada pelo menos uma vez na vida em toda a população que tenha acesso ao exame. Por quê? Mais uma vez, porque é um fator de risco cardiovascular INDEPENDENTE. Isso nos ajuda a saber quem está mais propenso a ter um evento cardiovascular.

Vamos aos pulos do gato com @cardio.lógico/considerações finais:

Mesmo com LDL controlado ou baixo, a Lp(a) aumenta o risco de ter evento cardiovascular.

Agora atenção…

Dieta e/ou estatina não reduz Lp(a)!

Mas como podemos interferir nisso, então?! É justamente esse o grande pulo do gato… Não temos uma AINDA uma terapia voltada para reduzir Lp(a). Inclusive o ácido nicotínico (estudos: AIM HIGH e HPS2 THRIVE) mostrou reduzir a Lp(a), mas não o reduziu a quantidade de eventos. Aí a pergunta é: reduzir a Lp(a) com uma terapia eficaz direcionada reduzirá os eventos cardiovasculares? Ainda não temos essa resposta, mas existem estudos em andamento voltados para isso.

Terapias que demonstraram reduzir (mas não há estudo voltado para exatamente isso):

– Inibidores do PCSK9; Inclisiran, Aferese, Ácido nicotínico

*** A Lp(a) em pacientes com evento prévio (IAM, AVC) pode ser interessante, pois um valor aumentado, em pacientes com LDL controlado ou dentro da meta, pode demonstrar quem se beneficiará de fato de inibidores do PCSK-9 ou inclisiran.

E para resumir isso tudo, fique com a tabela resumindo em quem devemos dosar de fato, com base em prevenção primária ou secundária:

Referências Bibliográficas:

– Scheel, P. et al. Lipoprotein(a) in Clinical Practice. ACC 2019.

– Wilson, Don P et al. Use of Lipoprotein(a) in clinical practice: A biomarker whose time has come. A scientific statement from the National Lipid Association. Journal of Clinical Lipidology 2019.

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